Buenos Aires !!!

É com prazer que publicamos o texto da jornalista/viajante Isabel Campeloescrito para nosso Blog. Que venham muitos e muitos relatos dos amigos, em especial daqueles que, como a Bel, conseguem economizar em vários itens sem comprometer a essência da viagem. #Post especial.!!!!!
Buenos Aires? De novo?
A constatação de que cada viagem é única fica mais firme

De onde vem a fama do Obelisco? Da imponência da av. 9 de julho
Sim, novamente Buenos Aires, respondi a todos que se espantavam em me ver pela (apenas) segunda vez fazer a mala para a mesma cidade. Parece até crime repetir um destino, tamanho o incômodo que causei aos parentes e amigos que queriam saber por que alguém vai ao mesmo lugar em pouco tempo. Tive que repetir o mantra dizendo o quanto eu gostei e queria rever a arquitetura e aquela coisa meio do passado, aquela iluminação meia luz tão incomum no Brasil, tudo ao som de boas músicas.
E como gosto de uma certa correria e burburinho nas viagens, embarquei com mais cinco amigos que cumpriram bem a missão de andar muito, rir de si mesmos, enquanto turistas atrapalhados, e principalmente mangar demais dos portenhos sem nenhuma culpa, afinal eles por vezes nos olhavam com um certo arzinho prepotente de eternos adversários.
Mas quase nada passou despercebido. Logo vimos que os locais, principalmente os comerciantes, taxistas e prestadores de serviço, tinham um estilo bem marcante, beirando à feiura mesmo, pra ser mais precisa. Nossos olhos não estão acostumados com tanto bigode, cabeleira vasta e assanhada dos argentinos. Pra uma amiga, aquelas caras sisudas e amarradas pareciam ter fugido naquele instante do cemitério da recoleta para um breve passeio. Pra mim, era como se estivesse assistindo sempre um filme antigo, algumas vezes amedrontador. Ali estavam na real as nossas diferenças de idioma, moeda, tratamento e simpatia. E o que seria das viagens se não existissem as diferenças, as surpresas?
O mais difícil mesmo é conviver com o cigarro ainda tão presente na vida dos argentinos. Gente de todas as classes fumando sem dó em variados lugares. O cigarro atrapalhou a nossa balada no famoso restaurante Ásia de Cuba, a casa que vira disco depois de 1h da madruga. Na reserva a atendente Sandra nos garantiu que não haveria nenhuma fumaça no local fechado, mas após o jantar o fumacê foi automaticamente liberado sem dó. Não deu pra ficar porque parecia que boate estava incendiando. Depois de uma voltinha pra apreciar a noite no Puerto Madero, lembramos que na manhã seguinte, domingo, era preciso acordar cedo pra aproveitar os passeios.
Dormimos pouco e às 08 horas a turma estava dividida: três amigos optaram pelo passeio de barco pelo Tigre. Eu e duas amigas fomos direto pro Caminito, afinal é uma obrigação turística visitar pelo menos uma vez aquele pedacinho de rua temática. O mau cheiro daquela parte do rio, somado a tanto cocô de cachorro e a um solzão de quase 40 graus afastou qualquer glamour do passeio. Os dançarinos de tango só dão um passo se houver contrapartida de alguma moeda por parte do turista. As insistências chegam a incomodar.
Mas não posso deixar de lembrar que eles dançam com maestria e naturalidade maior do que os dançarinos da casa de espetáculo Sr. Tango.
Na av. Rivadavia, a caminho da Praça de Mayo, a influência europeia na arquitetura
Vinho dia e noite
Saindo do Caminito, rumamos para a feirinha de San Telmo, mas não encontramos nada além do comércio de antiguidades e novidades. Talvez só a noite mesmo a boemia tome de conta do bairro, um dos mais antigões de Buenos Aires. As 14h, como marcado, estávamos no boteco El Desnível para encontro com os companheiros vindos do passeio pelas ilhas do Tigre. De volta ao passado, sentimos falta do celular. Desde cedo, marcamos no El Desnível devido aos comentários sobre a saborosa comida. Confirmado. Eles são rápidos e o preço é bom. Com R$ 30,00 come-se bastante, muita carne, batata (elas novamente) e salada (pedida a parte), além do bom vinho. Vinho no calor? Isso mesmo. Estamos imunes ao calor. Teresina e Palmas não nos deixam mentir.
Sobre comida, fez muita falta mesmo uma boa reserva no La Cabrera. Um mês antes da viagem, tentamos reservar on line mas o restaurante parece está no campo das impossibilidades quando se fala em reserva de mesa feita sem grande antecedência pra feriados. Então, otimistas que somo, e já que estávamos em Palermo, rumamos pro templo da carne maravilhosa. O ritual da espera por desistência nos venceu. A fila enorme que se inicia pro jantar de 20:30 nos fez imaginar que não sobrariam mesas pra seis pessoas.
E na tentativa de substituir o La Cabrera encontramos outras boas alternativas em Palermo Soho mesmo. É no quesito carta de vinho que temos que nos render. Dá pra degustar a diversidade de malbec sem comprometer o orçamento. As sobremesas também são supremas. Aquela calda de frutas vermelhas da região de Bariloche é perfeita sobre o sorvete. Faz até nordestino esquecer que está há dias sem nosso companheiro de todos os pratos: o arroz.
Mas dessa vez mudei a impressão de que fora do Brasil só tem comida estranha. Fui mais disposta a mudar o paladar e até me atrevi a pedir algo além do bifão de chorizo. Valeu a pena conferir as massas portenhas.
Belo prédio da cia. de abastecimento de água (clicado do taxi)
Propina na conta?
Para que as diferenças não atrapalhem a viagem, devem ser previamente conhecidas e assimiladas. Já saia preparado pra propina do garçom. Pense que são os mesmos 10% por aqui já incluídos na conta e que por lá ainda estão por fora. Isso é que é irritante. Nesse quesito prefiro o disfarce e a inclusão de serviço de mesa e porcentagem já no total, tudo visível, prático. E ainda dão o nome de propina só pra nos chatear mais. Pra amenizar, os garçons dizem que a gorjeta é optativa mas chega a ser constrangedor ver aquele garçom lá plantado na sua frente esperando a famigerada propina.
Pro táxi, então, é um outro preparo. O mesmo percurso pode ter diferentes preços. Vale a pena, antes mesmo de entrar no carro, perguntar quanto custa a corrida até determinado endereço. A maioria estima o preço. Quando o cara é grosso mesmo, já se conhece nessa conversa inicial, aí é só despachar. O bom é que tem sempre um pretinho com amarelo por perto, não precisa chamar. Dessa vez, algo em torno de 90% dos muitos taxistas que nos atenderam foram boa onda, prestativos até. Então já é um número bom. Os aproveitadores existem e as notas falsas também.
Podemos constatar que a inflação e a exploração estão lá cada vez mais forte, afastando os turistas e prejudicando principalmente os portenhos. Enquanto os viajantes podem escolher outros destinos, como o vizinho Chile, os moradores não têm opção, os preços já estão nas alturas.
Uma das muitas igrejinhas fofas de Palermo – Papa Franciso responde pelo catolicismo em alta
Vamos ao tango?
Pra quem quiser comparar, o Sr. Tango é um espetáculo meio circence, com direito a cavalos e acrobacias no palco. O jantar é delicioso e a equipe eficiente, mas perde pro tango original, aquele mais compassado na nostalgia da música de raiz, a exemplo do show Piazolla, nome em homenagem ao músico argentino que revolucionou o gênero. 
O argentino Astor Piazzola merece boas linhas. Começou a estudar música ainda menino nos Estados Unidos, dando continuidade em Buenos Aires e na Europa. Após encontro, em 1935, com Carlos Gardel, Astor seguiu inovando no gênero, gerando críticas, ciúmes e admiração. Danado, dizem as pesquisas que ele fez tantas mudanças e novas experiências com arranjos e timbres pouco habituais que até introduziu a guitarra no tango, gerando a fúria de muitos críticos e músicos tradicionais. Piazzolla faleceu em Buenos Aires em 1992, mas deixou como legado a obra com mais de cinquenta discos e a enorme influência de seu estilo. A produção cultural sobre Piazzolla se estende ao cinema e ao teatro.
Em outra viagem, assisti ao show Piazzola e ainda posso lembrar da sonoridade, acompanhada nos passos do tango, do bom gosto do espetáculo, apresentado num belo teatro (nome do músico), construído nos tempos da argentina-europeia, no centro da cidade. O preço? O mesmo do Sr. Tango: aproximadamente R$ 260,00, se comprado no Brasil, incluindo jantar. Pra quem prefere arriscar, os cambistas da rua Florida vendem vários shows a melhores preços.
Tango no show, na rua, na milonga e no boteco
                     Capítulo hospedagem
Dessa vez, só fomos à bela Recoleta a passeio. Resolvemos dividir a viagem em dois hoteis. Loucura menor do que pensei. Não deu tanto trabalho assim sair de mala e cuia do Uno Hotel, no centro, pro Palermo Viejo B & B. Por que dois hoteis? Primeiro porque teríamos mais flexibilidade a partir do centro pros passeios na Florida, Teatro Colon, Puerto Madero, San Telmo e Caminito ; segundo porque a van incluída na compra do show de Tango não vai até hoteis de Palermo.
Cinco noite no confortável Uno Hotel (escolhido pela boa reputação dos viajantes do Booking) soma R$ 355,00 para cada hóspede (quarto quádruplo); três noites na Pousada Palermo B & B (forte indicação do Tripadvisor) saíram R$ 217,00, totalizando R$ 572,00 o que nos permitiu uma boa economia em hospedagem. É preciso destacar que a pousada perde pro hotel nos itens colchão e recepção. Telefone só o do proprietário, que entrega as chaves e avisa que não permanece no local. Ponto pra pousada no item café da manhã, que segue um ritual de entrada, com suco natural, salada de frutas, doces, iogurte, café com leite e as melhores medialunas da viagem.
Belo teto da Galerias Pacífico parece recém-pintado
Advinha qual o ritmo essa banda toca em San Telmo?
Figura típica da feira de San Telmo em pausa para o lanche

>>>Olha um click da Bel no aeroporto de Buenos Aires, aguardamos a próxima viagem e #Post!!!! =)

Fotos: Sirlene Dias

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